Ciência ABA: como seu uso pode ajudar crianças com autismo?
Você conhece a ciência ABA? Ela pode nos ajudar a encontrar novos meios para trazer mais qualidade de vida para as crianças com autismo. Se você quer saber mais e compreender de vez a ciência ABA, vamos conversar um pouquinho sobre esse assunto neste artigo.
Então, continue lendo, tem muita informação importante por aqui!
O que é a Ciência ABA?
ABA é a sigla para Applied Behaviour Analisys, ou seja, Análise Aplicada do Comportamento. Seu principal objetivo é analisar e explicar a interação entre o ambiente, o comportamento e a aprendizagem.
Essa ciência entende como o repertório e as respostas do indivíduo constroem o caminho para o desenvolvimento. Sendo assim, ela atua minimizando comportamentos que podem trazer perigos ou prejuízos e maximizando aquilo que a pessoa tem de melhor.
O objetivo do método ABA é analisar e explicar a interação entre o ambiente, o comportamento e a aprendizagem das pessoas.
A ciência ABA: estudos e pesquisas
A Análise do Comportamento aplicada teve como um de seus primeiros estudiosos o psicólogo Skinner, em 1930. Na época, ele comprovou por meio de experiências que, por meio da identificação dos estímulos do ambiente, é possível compreender e modelar o comportamento.
Um dos principais conceitos evidenciados por Skinner é o de condicionamento operante. Mas o que isso quer dizer?
De acordo com os estudos do psicólogo, os indivíduos operam e são ativos na relação com o meio em que estão inseridos. Ou seja, eles emitem respostas próprias que, por sua vez, modificam o ambiente.
ABA e transtornos do comportamento
Quando falamos nos transtornos do comportamento, o Dr. O. Ivar Lovaas é um nome de destaque. O psicólogo aplicou pela primeira vez os conceitos deste método e publicou seu estudo com crianças do espectro do autismo.
Ainda que o teor científico dessa pesquisa tenha ajudado profissionais a entenderem mais sobre o comportamento humano ao longo das décadas, as formas de trabalho de Loovas eram aversivas, e não devem ser trazidas para a prática atual.
Para as aplicações da ciência ABA nas intervenções com os pequenos devemos usar abordagens naturalistas, baseadas no Modelo Denver de Intervenção Precoce. Dessa forma, conseguimos estimular o desenvolvimento das crianças com estratégias que funcionam, mas sempre com muito amor, carinho e empatia pelos pacientes.
Essa é a forma com que trabalhamos, com o que chamamos ABA Naturalista, ou melhor, ABA com amor! Para entender mais sobre isso, assista ao vídeo aqui!
Passo a passo da aplicação da Ciência ABA
As intervenções são divididas em cinco etapas. São elas:
- Anamnese;
- Avaliação comportamental
- Programação individual
- Análise de dados
- Atendimentos
Agora, vamos falar um pouquinho de cada uma dessas fases.
Anamnese
A anamnese é a coleta de dados pessoais. É uma entrevista que possui técnicas para o profissional construir sua avaliação e se aprofundar no diagnóstico do paciente.
É a base a partir da qual se estabelece a necessidade do acompanhamento terapêutico. Além disso, é com o auxílio da anamnese que o profissional define algumas etapas a serem trabalhadas no desenvolvimento da pessoa.
Avaliação comportamental
A avaliação comportamental é feita de acordo com as características da criança apresentadas na sua anamnese:
- Histórico;
- Relatos dos familiares;
- Diagnóstico;
- Demais informações que podem ser relevantes (gostos, preferências, aversões…)
Nesta etapa é realizada testagem de diversas categorias de estímulos, como cores, números, gestos, palavras, objetos e ações. Além disso, é feita a identificação do currículo atual da criança, que pode ser básico, intermediário ou avançado, com relação às habilidades:
- Pré-acadêmicas;
- Acadêmicas;
- De autocuidado;
- Motoras;
- De brincadeiras;
- De linguagem;
- Sociais.
Diante das respostas apresentadas e interpretadas de acordo com a realidade do pequeno, o terapeuta identifica as áreas que precisam ser estimuladas ou ampliadas. Essa informação é essencial para criar o programa comportamental a ser aplicado.
Programação individual
Na programação individual, é feita a introdução das habilidades ausentes ou com déficits do repertório da criança, de acordo com as informações coletadas na avaliação comportamental. Nesse primeiro momento, a intenção deve ser a de atender às especificidades do aprendizado do pequeno.
São realizadas, então, as atividades dos programas comportamentais. Os programas podem ser:
- Ecóico;
- Imitação motora – fina, grossa e oral;
- Tato – nomeação e identificação;
- Seguir comandos;
- Intraverbal, entre outros.
Atendimentos – Intervenção Comportamental
A intervenção comportamental é feita um-a-um, ou seja, um terapeuta para uma criança. A interação entre eles se dá por meio das respostas dadas às tentativas de comunicação da criança, de atividades prazerosas, com materiais familiares e reforçadores.
Toda abordagem com os pequenos deve ser feita com o objetivo de motivar a participação deles nos programas e estabelecer uma relação harmoniosa e agradável.
Formas de atendimento baseadas na ciência ABA
Os atendimentos em ABA podem ser realizados em diversos ambientes, como por exemplo:
Clínico: o terapeuta cria situações próximas ao ambiente natural para trabalhar algumas questões na prática e avaliar o quão positivos estão sendo os programas comportamentais;
Escolar: a criança é acompanhada na escola por uma acompanhante terapêutica (AT) que o auxilia na execução das tarefas que tiver dificuldade. A AT também media as relações com os colegas quando necessário e encontra alternativas caso seja proposta alguma atividade que o pequeno ainda não consiga participar.
Domiciliar: o terapeuta analisa o quão satisfatória é para a criança a disposição de sua rotina e de como seus cuidadores lidam com seus comportamentos. Essa forma de trabalho tem como objetivo detectar pontos da vida cotidiana que precisam de melhorias, além de propor para a família algumas diretrizes básicas, que podem contribuir para estimular mais o desenvolvimento.
Análise de dados
A análise dos dados é feita por meio das folhas de registro. Esses documentos servem para facilitar a comunicação entre os terapeutas, no que se refere ao desenvolvimento da criança e para a constante reavaliação da programação proposta.
Quando bem feita e aplicada com estratégias naturalistas, que envolvem a alegria e a motivação da criança, a intervenção traz resultados positivos, que são comprovados nas folhas de registro. Mas, isso não significa que o objetivo do terapeuta seja apenas marcar um ‘sim’ ou ‘não’ em uma folha de papel. Vai muito além disso!
O bom profissional faz essa análise para além de quadros e gráficos, de forma global, que avalie detalhes e todos os aspectos do comportamento daquela criança. Sendo assim, ele deve garantir que ela se sinta confortável e segura para as atividades que são feitas no consultório.
Além disso, quando o programa é feito por uma equipe qualificada, os terapeutas e demais profissionais envolvidos no caso da criança conseguem buscar novas estratégias e alternativas para outras dificuldades que o pequeno pode desenvolver ao longo do tempo.
Referências
LEAR, Kathy. Ajude-nos a aprender, Manual de treinamento em ABA parte 1. Ed. Toronto, 2004.
SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. 9 ed. São Paulo: Cutrix/Pensamento, 1993.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. 11 ed. São Paulo: Martins Fontes.