Deficiência intelectual e autismo: qual a diferença?
Muitos sentem dificuldade em identificar a diferença entre a Deficiência Intelectual e o Autismo. Conhecer as características de ambos os transtornos pode evitar diagnósticos e intervenções equivocadas.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a Deficiência Intelectual (DI) são transtornos do neurodesenvolvimento confundidos com muita facilidade. A falta de informação faz com que muitos acreditem que eles são complementares, ou seja, que não existem um sem o outro. Mas, isso não é verdade: eles são diferentes e podem ser diagnosticados sozinhos ou juntos numa mesma pessoa.
Para um diagnóstico correto e aplicação de intervenções eficazes é preciso compreender, de fato, as diferenças entre o Autismo e a Deficiência Intelectual.
O que é o autismo?
Uma pessoa diagnosticada no TEA apresenta alterações em três grandes áreas: a socialização, a comunicação e o comportamento. A princípio, no autismo, o indivíduo tem dificuldade em compreender as entrelinhas das interações sociais e manter a comunicação com outras pessoas de forma proveitosa. Além disso, também é comum que autistas tenham comportamentos repetitivos e cultivem interesses restritos sobre determinado tópico ou objeto.
Acima de tudo, é importante ressaltar que autistas não são todos iguais. Existe uma diversidade de características dentro do espectro e, para além dos seus três níveis de suporte, outras questões influenciam na maneira como o indivíduo se comporta e interage com o mundo, como o tempo e a qualidade das intervenções e o apoio familiar.
O autismo tem causas predominantemente genéticas. Alguns estudos também apontam mutações genéticas e fatores ambientais como outras possíveis razões do desenvolvimento do transtorno, como os casos de autismo regressivo, por exemplo.
Atualmente, o TEA é classificado em três níveis de suporte, de acordo com o grau de comprometimento de habilidades psicossociais e autonomia. O nível 1 é considerado o ‘autismo leve’, o 2, moderado e o 3, severo.
Para o diagnóstico de autismo, é preciso fazer uma avaliação neuropsicológica junto a uma equipe multidisciplinar, acompanhado de um médico psiquiatra ou neurologista.
O que é deficiência intelectual? Qual a diferença do autismo?
Na deficiência intelectual, os indivíduos apresentam limitações nas habilidades cognitivas, como dificuldades em raciocinar, resolver problemas e compreender ideias abstratas, além de possíveis prejuízos na aprendizagem e no desempenho de tarefas cotidianas.
Algumas escalas classificam a DI quando o quociente de inteligência é avaliado abaixo de 70, indicando uma habilidade reduzida na resolução de problemas, planejar, refletir e aprender.
Hoje, a DI é classificada em 4 níveis de suporte: leve, moderada, grave e profunda. Entretanto, há uma diferença em relação ao autismo: a deficiência intelectual não se limita a causas genéticas. Uma criança pode desenvolver a DI em períodos pré-natais, perinatais e após o nascimento, como em casos de desnutrição, infecções, traumatismo craniano e doenças degenerativas, por exemplo.
O diagnóstico de deficiência intelectual é realizado por meio de uma avaliação neuropsicológica, além de relatórios da escola e avaliações com psicoterapeutas para quantificar com precisão o nível de inteligência do indivíduo por meio de escalas específicas. É importante destacar que a avaliação é baseada no comprometimento geral e não em áreas específicas.
Por fim, assim como o autismo, a deficiência intelectual requer acompanhamento psicoterapêutico, para auxiliar o indivíduo no desenvolvimento de habilidades prejudicadas pelo transtorno.
TEA e DI juntos
Como falamos, uma pessoa pode ter o diagnóstico de ambos os transtornos. Nesses casos, é possível observar características tanto do autismo quanto da deficiência intelectual. Ou seja, esses Indivíduos podem apresentar dificuldades na comunicação e socialização, comportamentos repetitivos, interesses restritos e limitações nas habilidades cognitivas.
É importante reforçar que cada caso é único e pode variar no grau de comprometimento dessas características. Essas pessoas precisam de intervenções específicas e individualizadas, com o suporte de profissionais qualificados.
Viu como há diferença entre a deficiência intelectual e o autismo? Mas em ambos os casos, há uma coisa em comum: atendimento individual e com profissionais especializados no assunto para um diagnóstico correto e para intervenções direcionadas às necessidades do indivíduo. Desta maneira, certamente o paciente terá mais qualidade de vida e seu desenvolvimento aprimorado.
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